Hinduísmo - Sankhya



Sankhya (sânscrito: सांख्य, IAST: Sāṃkhya: Enumeração - ontológica) é uma das seis escolas da filosofia ortodoxa indiana.
Kapila (Viveu provavelmente no Séc VII ou VI AC) é considerado o fundador dessa escola, o mais antigo dos sistemas filosóficos da Índia. Entretanto o principal texto, o Sankhya Karika foi escrito por Ishvara Krishna por volta de 200 DC. Atualmente não há nenhuma escola sobrevivente do Sankhya no Hinduísmo, mas a sua influência ecoa no Yoga e no Vedanta.


Metafísica dos Sankhya


O Sankhya pressupõe dois princípios: Purusha e Prakriti. Purusha (mônadas individuais) é consciência pura e Prakriti (Substrato material) é o aspecto dinâmico da consciência, mas inconsciente de si mesma.

O Sankhya defende uma dualidade radical entre consciência (Purusha ) e matéria (Prakriti). Todos os eventos físicos são considerados manifestações da evolução de Prakriti e cada ser senciente é um Purusha aprisionado em um corpo físico que por perda da discriminação fica confinado no Samsara (roda da vida, ciclo de nascimentos e renascimentos ou escravidão), pois se engana em relação à sua própria identidade, acredita que é o próprio corpo físico que na verdade é uma das manifestações de Prakriti.

A característica mais notável do Sankhya é a sua singular teoria da evolução cósmica. Prakriti é a fonte das transformações do mundo, ela é pura potencialidade que evolui por ação dos três gunas em vinte e quatro tattvas ou princípios do ser. Os gunas estão em equilíbrio em prakriti-pradhana (natureza fundamental).


Segundo o Sankhya-Karika, seus atributos são descritos da seguinte maneira:
“Os três gunas tem a natureza da alegria, da impassibilidade e da tristeza, e tem, respectivamente, a função de iluminar, ativar e obscurecer. Sobrepujam-se uns aos outros e são interdependentes, produtivos e cooperativos em suas atividades”.
“A atividade dos três gunas é consciente e intencional:
Sattva é considerado elucidante e iluminante;
Rajas é estimulante e dinâmico;
Tamas é inerte e tem o poder de obscurecer.”

Para Max Muller a melhor maneira de explicar a ação dos gunas é pela comparação com a idéia de dois opostos e do termo médio entre eles, como a tese, a antítese e a síntese de Hegel, manifestando-se na natureza através da luz, da escuridão e do crepúsculo (ou aurora); na ética, através do bem, do mal e do amoral, com muitos outros desdobramentos.

Quando Purusha interage com Prakriti, o equilíbrio primordial rompe-se, e Purusha perde a autoconsciência, desencadeando a ação dos gunas que geram os vinte e quatro tattvas:
Mahat, o grande princípio – é primeiro produto da evolução de Prakriti. Mahat tem a natureza da luminosidade e da inteligência, é conhecido como buddhi - intuição ou cognição - que significa a sabedoria superior.
Ahamkara, o princípio da individuação ou ego (segundo produto da evolução de Prakrit) é responsável pela autoconsciência dos seres vivos e introduz a distinção entre sujeito e objeto.
Manas, a mente inferior ou instintiva - evolui a partir do aspecto sattva de Ahamkara.
Jnana indriya, cinco órgãos sensoriais – audição, visão, tato, paladar e olfato.
Karma indriya, cinco órgãos de ação – fala, manipulação, locomoção, reprodução e excreção.
Tanmatras, cinco essências sutis – as potencialidades dos elementos (Mahabhuta).
Mahabhuta, os cinco elementos - éter, ar, fogo, água e terra. São os componentes do universo físico.

Moksha
Tal como outros grandes sistemas da filosofia indiana, o Sankhya considera a ignorância como a causa da escravidão e do sofrimento (Samsara). De acordo com o Sankhya, o Purusha, embora, pura, eterna e livre consciência, por ignorância, identifica-se com o corpo físico e seus constituintes, sendo então aprisionado no samsara.
O processo de liberação (involução cósmica) é o caminho inverso da evolução de prakriti, e é atingido pelo desenvolvimento das mais altas faculdades de discriminação adquiridas através da meditação e de outras práticas do yoga. O Sankhya, também, afirma que a devoção e o serviço desinteressado a Deus levam à clareza da mente e ao poder de discriminação entre o Eu e o não Eu.


Editado por Bacana
Texto original:  http://mokshadharma.blogspot.com/2008/10/mimansa.html

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