Tendo em vista os diversos alertas e notícias falsas sobre tragédias a ocorrer no ano de 2012  alegando o  suposto ‘fim do calendário Maia‘, postamos  aqui uma série de artigos para desmistificar esses cenários  apocalípticos impossíveis. Esse é o quinto artigo que fala sobre a suposta inversão dos pólos magnéticos da Terra  prevista pelos falsos profetas do apocalipse a acontecer em 2012.
2012: No Geomagnetic Reversal (2012: Não Haverá Inversão Geomagnética)
Tradução do artigo escrito por Ian O’Neill na Universe Today em 3 de outubro de 2008
Aparentemente, em 21 de dezembro de 2012, nosso planeta experimentará um poderoso evento. Desta vez não estamos falando do Planeta X, Nibiru ou de uma tempestade solar “assassina”,  este evento que citamos agora terá suas origens nas profundezas do  núcleo do nosso planeta, forçando uma mudança catastrófica em nosso  campo magnético protetor. Não apenas notaremos uma rápida redução na  força do campo magnético como também nós veremos como os pólos  magnéticos irão reverter rapidamente sua polaridade, isto é, o pólo norte magnético se deslocará para o pólo sul geográfico  e vice-versa. Então, o que tal cenário significa para nós? Se nós  acreditarmos nos falsos profetas do apocalipse, estaremos então expostos  a vastas quantidades de radiação emitida pelo Sol em 2012.
Com uma inversão do campo magnético terrestre também haverá um enfraquecimento na capacidade da Terra em desviar os raios cósmicos.  Nossa armada de satélites de comunicação e militares sofrerá graves  problemas, tais como a queda em suas órbitas, adicionando caos ao  cenário. Sofreremos distúrbios sociais, guerras, fome e um colapso  econômico global. Sem GPS, nossas linhas aéreas também se arrebentarão contra o solo…
Usando as Profecias Maias  como desculpa para criar novas e explosivas formas nas que nosso  planeta poderá ser destruído em 2012, os profetas do apocalipse usam a  teoria do deslocamento geomagnético como se a mesma fosse uma verdade absoluta e inquestionável. Essa atitude é simplesmente devida ao fato que os cientistas estimaram que mudanças na polarização magnética terrestre talvez pudessem acontecer dentro de alguns milhares de anos. Para os falsos profetas, todavia, tal parece evidência suficiente de que ocorrerá  nos próximos quatro anos. Desgraçadamente, embora a teoria das  migrações nos pólos magnéticos tenha real respaldo científico, como  veremos mais a frente aqui, não há hoje nenhuma forma ou técnica com a  qual alguém possa afirmar que uma inversão geomagnética terá lugar nos próximos dias ou nos próximos milhões de anos…
Primeiro, devemos diferenciar os conceitos de “inversão geomagnética” e “mudança polar”. A “inversão geomagnética” é uma mudança no campo magnético da Terra que se dá quando o pólo norte magnético  desloca-se para o pólo sul geográfico e vice-versa. Quando tal processo  se completar as nossas bússolas passariam a apontar para Antártida, no pólo-sul geográfico, como o sendo o pólo norte ao invés do nordeste do Canadá.  Por por outro lado, as “mudanças polares” (a mudança física dos pólos  geográfficos) são eventos incomparavelmente menos freqüentes, que  provavelmente ocorreram raríssimas vezes dentro escala de tempo do  Sistema Solar (cerca de 4,55 bilhões de anos). Há exemplos de planetas  que sofreram uma mudança polar catastrófica: Vênus  (que gira na direção oposta do resto dos planetas por ter sido golpeado  por um evento descomunal, tal como uma colisão com um planeta errante –  veja as razões aqui em “Qual a razão do movimento retrógrado de Vênus?“) e Urano (o qual gira de lado, com seu eixo deslocado por um impacto cataclísmico, ou algum efeito gravitacional extremo causado por Júpiter e Saturno).  Muitos autores (incluindo os próprios profetas do apocalipse) citam  freqüentemente esses dois cenários notadamente distintos, inversão geomagnética e mudança polar, como sendo a mesma coisa, o que está totalmente errado. Tendo esclarecido esse ponto, vamos então tratar a seguir do cenário: “inversão geomagnética“.
Qual é a freqüência das ocorrências do fenômeno da inversão geomagnética?
Vejamos a seguir…
As razões inerentes à inversão dos pólos  magnéticos não são plenamente entendidas, mas esse cenário se relaciona  tão somente à dinâmica interna do planeta Terra. Conforme nosso planeta  gira, o núcleo interior de ferro fundido  flui livremente, forçando os elétrons livres a acompanhar sua  movimentação. Este movimento convectivo de partículas eletricamente  carregadas cria um campo magnético que tem seus pólos situados nas  regiões polares norte e sul (um dipolo) do planeta. Isto é conhecido  como o efeito dínamo.  O campo magnético resultante se comporta aproximadamente como um ímã,  permitindo que o campo magnético envolva o nosso planeta.
Este campo magnético passa através do  núcleo até a crosta terrestre e segue até o espaço formando a  magnetosfera, uma bolha protetora que é constantemente perturbada pelo vento solar.  Uma vez que as partículas do vento solar são iônicas (carregadas  eletricamente), a potente magnetosfera da Terra desvia essas partículas,  só permitindo sua chegada nas cúspides polares, onde as linhas do campo  magnético se “abrem”. Nessas regiões específicas as partículas  energéticas tem sua entrada permitida e brilham formando as auroras.
Normalmente, esta situação pode durar por éons  (o campo magnético estável entrelaçado através das regiões polares  norte e sul), mas sabemos que ocasionalmente o campo magnético terrestre  se inverte e altera sua intensidade.
Por que ocorre a inversão geomagnética?

Gráfico  que mostra as inversões de polaridade da Terra a o longo dos últimos  160 milhões de anos. Negro = polaridade normal, branco = polaridade  invertida. Fonte: Lowrie (1997)
Simplesmente nós não conhecemos as  causas reais. O que sabemos é que estas mudanças de pólos magnéticos têm  ocorrido algumas vezes nos últimos milhões de anos. A última reversão teve lugar há 780.000 anos, de acordo com as evidências mostradas nos sedimentos ferromagnéticos. Alguns artigos alarmistas  têm dito que as inversões geomagnéticas ocorrem com uma “regularidade  de um relógio” – isto simplesmente é mentira. Como se pode ver no  diagrama (acima), as inversões magnéticas têm acontecido de forma  bastante caótica nos últimos 160 milhões de anos. Os dados de longo  prazo sugerem que o período mais longo de estabilidade entre inversões  magnéticas durou quase 40 milhões de anos (durante o período Cretáceo que tem cerca de 65 milhões de anos) e o mais curto demorou algumas centenas de anos.
Algumas teorias do apocalipse em 2012 sugerem que a inversão geomagnética da Terra está conectada com o ciclo solar  natural do Sol de 11 anos. De novo, não existe nenhuma evidência  científica que apóie esta afirmação. Não há nenhuma informação  disponível que associa alguma ligação da mudança de polaridade magnética  da Terra com o Sol.
Assim, novas versões das teorias do  apocalipse já estão falando que as inversões geomagnéticas não acontecem  com a “regularidade de um relógio”, e não existe conexão com a dinâmica  solar. Na verdade, não se espera uma inversão magnética dado que não  podemos predizer quando se produzirá a próxima, as inversões magnéticas  têm lugar em pontos aparentemente aleatórios de nossa história, conforme  os registros históricos de levantamentos geológicos dos sedimentos  ferromagnéticos.
O que causa a inversão geomagnética?
A pesquisa para tentar compreender a  dinâmica de nosso planeta continua em andamento. Conforme a Terra gira, o  ferro fundido de seu interior é agitado e flui de forma estável durante  milênios. Por alguma razão durante uma inversão magnética, algumas  instabilidades causam uma interrupção da geração estável do campo  magnético global, provocando uma mudança de pólos.
Em um artigo anterior na Universe Today, discutimos os esforços do geofísico Dan Lathrop por criar o seu próprio “Modelo da Terra“,  configurando uma bola de 26 toneladas (que continha um elemento análogo  do ferro fundido, o sódio) que girava para se ver se o movimento do  fluido interno poderia gerar um campo magnético. Este enorme experimento  de laboratório é o testamento dos esforços postos na compreensão de  como a Terra gera seu campo magnético além da razão do mesmo se inverter  aleatoriamente.
Uma visão minoritária (a qual, novamente, tem sido usada pelos profetas do apocalipse para vincular as inversões geomagnéticas com o Planeta X)  é que pode haver algumas influências externas que causem as inversões.  Você verá com freqüência associações destas afirmações com a suposta  existência do Planeta X/Nibiru, de forma que quando este misterioso objeto se encontrar dentro o Sistema Solar interior  durante sua órbita altamente elíptica, a perturbação do campo magnético  poderia alterar a dinâmica interna da Terra (e do Sol, gerando  possivelmente a tempestade solar “assassina”). Esta teoria é uma fraca vontade de vincular os cenários dos falsos profetas do apocalipse com um precursor comum do ‘fim do mundo‘ (quero dizer, o Planeta X).  Não há razão para pensar que o potente campo magnético da Terra possa  ser influenciado por qualquer força externa, muito menos por um planeta inexistente.
A força do campo magnético cresce e decresce…

As  variações no campo geomagnético no oeste dos Estados Unidos desde a  última inversão. A linha pontilhada vertical indica o valor crítico de  intensidade baixo o qual Guyodo e Valet (1999) consideram que têm tido  lugar várias excursões direcionais.
Publicou-se recentemente um artigo contendo novas investigações sobre o campo magnético da Terra, no exemplar de 26 de setembro da revista Science,  sugerindo que o campo magnético da Terra não é tão simples como se  acreditava. Além do dipolo norte-sul, existe um campo magnético mais  débil e disperso por todo o planeta, provavelmente gerado no núcleo  externo da Terra.
Têm-se medido variações de força no  campo magnético da Terra e é bem conhecido o fato de que a força do  campo magnético atual está passando por uma fase com tendência de  redução. O novo artigo de pesquisa,  co-escrito pelo geocronólogo Brad Singer da Universidade de Wisconsin,  sugere que um campo magnético mais débil é crítico para a inversão geomagnética.  Se o dipolo mais potente (norte-sul) tem sua força de campo magnético  reduzida para um nível inferior de intensidade, comparada com a do campo  magnético distribuído, normalmente mais débil, a inversão geomagnética torna-se viável.
“O campo nem sempre é estável, a  convecção e a natureza do fluxo se alteram, e isto pode provocar que o  dipolo gerado aumente ou diminua de intensidade e força”, disse Singer.  “Quando o campo magnético se torna fraco, este fica menos capaz de  alcançar a superfície da Terra e o que começamos a ver surgindo é este  dipolo não axial, a parte mais fraca do campo magnético”. O grupo de  pesquisa de Singer analisou amostras antigas de lava de vulcões no Taiti  e Alemanha originadas entre 500.000 até 700.000 anos atrás. Observando  um mineral rico em ferro presente nessa lava, denominado magnetita, os investigadores foram capazes de deduzir a direção do campo magnético.
O giro dos elétrons na magnetita  é governado pelo campo magnético predominante na ocasião que a lava foi  produzida pelos vulcões. Durante as épocas em que o potente campo  dipolar domina, estes elétrons apontam na direção do pólo norte magnético.  Durante as épocas em que o campo dipolar se enfraquece, os elétrons  apontam para onde estiver o campo dominante, neste caso o campo  magnético distribuído. Os cientistas acreditam que quando a intensidade  do campo magnético dipolar debilitado cai abaixo de certa faixa de  valores, o campo magnético distribuído empurra o campo dipolar para fora  do seu eixo original, provocando uma inversão geomagnética.
“O campo magnético é uma das  características mais fundamentais da Terra”, disse Singer. “Mas ainda é  um dos maiores enigmas da ciência. A razão disso acontecer [a inversão geomagnética] é algo que a gente tem questionado durante mais de cem anos”.

O movimento do pólo norte magnétido terrestre através do Ártico no Canadá, de 1831 a 2001. Crédito: Geological Survey of Canada
Os errantes pólos magnéticos
Embora pareça haver uma tendência atual  para uma diminuição da força do campo magnético, a intensidade corrente  do campo magnético tem sido considerada acima da média quando a   comparamos com as variações medidas na história recente. De acordo com  os pesquisadores na Scripps Institution of Oceanography  , São Diego, se o campo magnético continuar na sua tendência de queda  atual, o campo dipolar será efetivamente zerado em cerca de 500 anos.  Não obstante, é mais provável que a força do campo magnético  simplesmente se reinicie e aumente sua intensidade como tem sido usual  nos últimos milhares de anos, continuando com suas flutuações naturais.
As posições dos pólos magnéticos, como sabemos, estão dando voltas sobre as localidades no Ártico e na Antártida. Tomando o pólo norte magnético,  por exemplo, (no desenho da esquerda) vê-se que a posição do pólo tem  se descolado de forma acelerada sobre as planícies do norte de Canadá com velocidade variando de 10 quilômetros por ano no século XX até 40 quilômetros por ano em medições mais recentes.
Pensa-se que se esta tendência persistir o eixo norte irá deixar a América do Norte e penetrar na Sibéria dentro de algumas décadas. Este, todavia, não é um fenômeno novo. Desde a descoberta de James Clark Ross da posição efetiva do pólo norte magnético  em 1831, sua posição tem vagado por centenas de quilômetros (embora as  médias atuais tenham mostrado alguma aceleração adicional).
Então, haverá ou não o ‘Fim do Mundo’ ?
As inversões geomagnéticas são uma área  fascinante da pesquisa geofísica que continuará ocupando os físicos e  geólogos durante muitos anos à frente. Embora a dinâmica por trás deste  evento não seja entendida por completo, não há absolutamente nenhuma evidência científica que apóie a afirmação de que poderia haver uma inversão geomagnética em torno de 21 de dezembro de 2012.
Além disso, os efeitos de tais inversões têm sido totalmente super enfatizados. Se por acaso venhamos a experimentar uma inversão geomagnética  ao longo de nossas vidas (o que possivelmente não acontecerá), é   improvável que sejamos assados vivos pelo vento solar ou aniquilados   pelos raios cósmicos.

Simulação  da interação entre o campo magnético terrestre e o campo magnético  interplanetário (solar). O campo magnético da Terra protege nosso  planeta do vento solar, desviando as partículas ionizadas ejetadas pelo  Sol.
É improvável que soframos qualquer evento de extinção massiva (afinal, o homem primitivo, o homo erectus, sobreviveu à última inversão geomagnética,  aparentemente sem sofrer danos). Provavelmente iremos  experimentar a  visão de auroras em todas as latitudes, enquanto o campo magnético  dipolar se assenta em seu novo estado invertido, e poderá haver um  pequeno incremento no bombardeio das partículas energéticas espaciais,  os raios cósmicos  (lembre-se que o simples enfraquecimento da magnetosfera, não implicará  que não iremos mais ter a proteção magnética). Fora isso, nós estaremos  (muito bem) protegidos pela nossa espessa atmosfera.
Os  satélites poderão até passar por falhas e os pássaros migratórios  ficarão confusos, mas prever a ocorrência de um colapso mundial é uma  história difícil de engolir.Conclusão:
- As inversões geomagnéticas são de natureza caótica. Não há forma de prevê-las com antecedência.
 - Simplesmente porque o campo magnético da Terra se enfraquece tal não significa que estamos perto do momento de um colapso. O valor da intensidade do campo geomagnético da Terra está “acima da média” se comparamos as medidas atuais com as dos últimos milhões de anos.
 - Os pólos magnéticos não estão fixos em umas posições geográficas, os pólos se movem (em velocidades variáveis) e tal movimento têm acontecido desde que se iniciaram as medidas de seus comportamentos.
 - Não existem provas que apontem para uma força externa afetando a dinâmica geomagnética interna da Terra. Assim, não há nenhuma prova de uma conexão das inversões geomagnéticas com as do ciclo solar. E não venham falar do Planeta X também…
 
Considerando tudo isso, podemos acreditar que haverá um evento de inversão geomagnética em 2012? Eu julgo que não.
De novo vemos como outro cenário  apocalíptico de 2012 fala de muitas formas. Não há dúvida que as  inversões geomagnéticas terão lugar algum dia no futuro da Terra, mas  estamos falando de escalas de tempo variando de otimistas 500 anos  (improvável) até milhões de anos e certamente não nos próximos quatro anos…




Até que em fim alguem falou a verdade na net, não ha como prevermos ,tudo é muito além do potencial humano.
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