Epsilon Eridani, a estrela irmã do Sol, tem 3 anéis

Os astrônomos descobriram que a famosa estrela Épsilon Eridani, uma das estrelas mais próximas da Terra, contém um tríplice sistema de anéis, ou seja, dois cinturões internos de asteróides e um anel externo de gelo e cometas. 

O cinturão interno de asteróides é virtualmente um irmão gêmeo do cinturão de asteróides do nosso Sistema Solar enquanto que o outro cinturão externo possui 20 vezes mais massa. Além disso, a presença desses três anéis implica certamente na presença de planetas ainda não detectados confinados entre os mesmos. 

Esses supostos planetas limparam suas órbitas e delimitaram os formatos desses três cinturões.
Epsilon Eridani - Esse desenho mostra o sistema planetário mais próximo do nosso Sistema Solar. NASA/JPL-Caltech

A estrela Épsilon Eridani é ligeiramente menor e mais fria que o Sol.
Épsilon Eridani é a nona estrela mais próxima do Sol e é visível a olho-nú, na constelação de Eridanus, 10,5 anos-luz de distância da Terra e portanto a estrela mais próxima com sistema planetário confirmado.

Trata-se de uma estrela jovem em relação ao Sol com aproximadamente 850 milhões de anos de idade (o nosso Sistema Solar tem mais de 4,5 bilhões de anos).

Comparando os dois sistemas nota-se que Épsilon Eridani tem semelhanças notáveis com o Sistema Solar quando imaginamos o mesmo com menos de 1 bilhão de anos de idade.
Comparação do tamanho e cor de Épsilon Eridani (à esquerda) e o Sol (à direita)
Conforme afirmou o astrônomo Massimo Marengo do Instituto Smithsonian “Estudar Épsilon Eridani é como ter uma ‘máquina-do-tempo’ para olhar o nosso Sistema Solar quando esse era jovem.”. Marengo é co-autor do artigo que relata a descoberta desse sistema de três anéis. Esse artigo será publicado em janeiro/2009 no “Astrophysical Journal“.
Dana Backman do Instituto SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence Institute) disse que “Esse sistema provavelmente se parece muito como era o nosso sistema quando a vida apareceu começou a ser firmar na Terra”.
Nosso Sistema Solar tem um cinturão de asteróides entre Marte e Júpiter. A massa total do cinturão é cerca de 1/20 da massa da Lua. Usando o telescópio Spitzer da NASA o time de astrônomos encontrou um cinturão de asteróides idêntico orbitando Épsilon Eridani.
Esse diagrama artístico compara o system Épsilon Eridani com o Sistema Solar.

Os sistemas foram estruturados de forma similar e ambos contém asteróides (marrom), cometas (azul) e planetas (pontos brancos). Crédito: NASA/JPL-Caltech
O segundo anel de asteróides descoberto pelos astrônomos em Épsilon Eridani fica em posição equivalente a de Urano no Sistema Solar.

O segundo cinturão contém tanta massa como a Lua (20 vezes mais que o primeiro cinturão, mais próximo de Épsilon Eridani).
Concepção artística do exoplaneta Epsilon Eridani b que limpou a sua órbita {1}

O terceiro anel, com material congelado, que já havia sido previamente detectado se estende de 35 a 100 UA de distância de Épsilon Eridani. No Sistema Solar existe o cinturão equivalente, chamado Cinturão de Kuiper. Por outro lado o cinturão gelado de Épsilon Eridani é 100 vezes mais massivo que o cinturão de Kuiper.
Os cientistas calculam que quando o Sol tinha 850 milhões de anos de idade o Cinturão de Kuiper se mostrava muito parecido com o cinturão gelado de Épsilon Eridani. Desde então grande parte do Cinturão de Kuiper foi eliminado, parte foi expulsa do Sistema Solar e parte foi absorvida pelos planetas interiores no evento chamado LHB – “Late Heavy Bombadment” (Bombardeamento Planetário Posterior).

A Lua mostra evidências do LHB: largas crateras que formaram os ‘mares lunares’ de lava. É provável que os planetas de Épsilon Eridani irão sofrer esse fenômeno dramático de ‘bombardeamento’ em breve.
Como disse Marengo: “Épsilon Eridani lembra muito o nosso Sistema Solar quando era jovem, dessa forma é compreensível que o sistema terá uma evolução similar”.

O telescópio Spitzer mostra espaços vazios entre os três anéis encontrados. Esses espaços vazios são explicados pela potencial presença de exoplanetas que através de sua influência gravitacional moldaram os anéis assim como as luas de Saturno fizeram em relação aos anéis de Saturno.
Marengo lembrou que “a presença de exoplanetas em Épsilon Eridani é a maneira mais fácil de explicar o que estamos observando por lá”.
Especificamente, três planetas com massas entre as de Netuno e Júpiter se encaixariam nesse ‘espaço vazio’. O estudo das velocidades radiais já detectou um candidato a planeta perto no anel interno.
Essas análises sugerem que esse exoplaneta orbita Épsilon Eridani em uma órbita elíptica com forte excentricidade estimada em 0,7.

As novas descobertas sugerem tal órbita uma vez que o suposto planeta já deveria ter varrido e limpo uma faixa do cinturão interno de asteróides há algum tempo através da sua influência gravitacional.
Um segundo exoplaneta deve estar rondando perto do segundo cinturão de asteróides e um terceiro deve surgir a cerca de 35 UA, próximo da borda interior do cinturão gelado (equivalente ao nosso Cinturão de Kuiper) de Épsilon Eridani

Estudos futuros provavelmente irão detectar esses mundos ainda não encontrados assim como outros exoplanetas telúricos que podem estar orbitando dentro do cinturão interno de asteróides.

Épsilon Eridani analisado pelo SolStation.com

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