Author of this essay:
Sesshin
Em Fantasia Disney nos dá uma versão maravilhosa da velha estória sobre o que pode acontecer de errado quando um estudante começa a "fazer os truques mágicos do mestre antes de aprender como controlá-los".
Mickey Mouse, um aprendiz de feiticeiro, está cansado e entediado com sua tarefa de carregar água do poço de fora para a cisterna no interior da casa. A cisterna é funda. Os degraus são íngremes. Não é divertido.
Seu mestre, preparando-se para um cochilo, retirou seu "chapéu mágico"; e Mickey, que não é preguiçoso para divertidas distrações, veste o chapéu e conjura uma vassoura a fazer seu trabalho para ele. Enquanto a vassoura alegremente busca água, Mickey dorme. Mas a vassoura não foi programada para parar quando a cisterna estivesse cheia; e o camundongo acorda e vê a casa inundada e a vassoura sem vontade ou incapaz de obedecer seus frenéticos comandos de parada.
Desesperado, Mickey pega um machado e reduz a teimosa vassoura a lascas, mas as lascas, como muitos pequenos clones, ganham vida e começam, em massa, a buscar mais água. Que fazer? Que fazer? O inexperiente camundongo pôs em movimento eventos que ele agora não tem poder para influenciar. Enquanto ondas oceânicas engolfam a casa, o furioso feiticeiro volta para desfazer o estrago, e nos resta crer que o descuidado roedor aprendeu sua lição.
Aqui nos Estados Unidos, quando falamos de sesshins e novatos que os organizam, não há feiticeiro por perto para salvar o dia. Muitas pessoas se afogam psicologicamente ou chegam tão perto disso que o preço de seu resgate é a perda da reputação, carreira, dinheiro, tempo e auto-estima. Isto também não os ajuda muito a apreciar o Budismo.
O feiticeiro, nesta analogia, seria evidentemente um autêntico mestre ou roshi. No oriente ele teria um conjunto de competentes sifus (professores monásticos). Seu selo e seus emblemas seriam literalmente mantidos num cofre: aprendizes raramente ganhariam mesmo uma olhadela de perto em seu "chapéu mágico". Nos E.U.A., chapéus mágicos podem ser comprados por catálogo. Um tamanho serve para todos quando auto-ordenação é apenas um precedente para auto-coroação. Cinicamente perguntamos, "Quem sabe a diferença? Qual é o mal?". Infelizmente, as vítimas de tal arrogância sabem a diferença e sofrem o mal. é, de fato, a situação de uma destas vítimas a causa deste ensaio. Se eu pareço severa, é porque a situação é terrível.
De um estado vizinho, recentemente recebi uma chamada do pai de alguém que foi - e esperamos que volte a ser - uma brilhante estudante de Química. Confuso, o homem pediu conselho. Sua filha, depois de participar de um sesshin, foi levada para a ala psiquiátrica de um hospital do Estado. Consegui dele apenas informação de segunda mão: ele não tinha visto muito por si mesmo.
Disse que a entrada da sua filha no Zen havia sido social; seu namorado, um estudante com quem ela morava, frequentava um Centro Zen. Desafiada a testar a disciplina da sua mente, ela se inscreveu em um sesshin de cinco dias. Estava milhares de quilômetros longe de casa e sem um plano de saúde, mas tinha o dinheiro - que havia recebido como presente de Natal - para pagar a taxa de inscrição.
No dia marcado, ela e o namorado chegaram ao Zendo e se registraram. Ganharam pochetes para carregar suas carteiras e pequenos objetos pessoais, mas como suas outras posses não podiam ser totalmente asseguradas, foi pedido a ambos que assinassem um documento, isentando o Zendo de culpa pela perda de propriedade, ou coincidentemente, prejuízos à saúde sofridos durante ou como consequência do sesshin. Ganharam então acomodações separadas em pequenos quartos que continham três ou quatro outros estudantes do mesmo sexo.
Ninguém notou que ela praticamente não dormiu ou comeu nos primeiros três dias. No quarto dia ele anunciou que era Maitreya, o Buda Vindouro. Tinha vindo salvar a humanidade na virada do milênio. Tentativas de acalmá-la com persuasão gentil falharam do mesmo modo que gritos e tapas no rosto. Foi pedido a Seu namorado, que ela não que fosse na companhia de uma monja para pegar os pertences dela. Ao pegar seu saco de dormir, ele encontrou duas cápsulas num pequeno saco com uma tira de papel que as identificava como tranquilizantes. Ele retornou à balbuciante garota, e literalmente forcou as cápsulas garganta dela abaixo, e quando ela voltou a ficar calma e tratável, perguntaram a ele se ele achava que ela poderia ser levada para casa e ele disse que sim, claro.
De volta ao apartamento, logo que o efeito da medicação passou, ela voltou ao estado anterior. Com medo de chamar a polícia e ter que levá-la contra sua vontade a um hospital público (como aquilo ficaria no currículo dela?) e tendo sido informado que sem um plano de saúde ela não conseguiria tratamento em qualquer hospital particular, ligou para o pai dela que, em um estado de total confusão, concordou em pegar o próximo vôo. Ela, no entanto, em uma missão para salvar o mundo, não estava inclinada a esperar a chegada de seu pai. Seu namorado tentou contê-la, mas quando seus gritos passaram a ameaçar o currículo dele, ele a liberou. Ela saiu para as ruas onde, apesar dos protestos dele, a polícia a levou sob custódia para a ala psiquiátrica de um hospital público.
Agora, muitos dias depois, tendo o episódio psicótico dela passado graças à torazina ou alguma droga similar, ela seria solta. Seu pai não sabia o que fazer. Além do horror de ver sua radiante menina parecer um zumbi, ele enfrentava misérias financeiras. Era um vendedor em uma loja e tinha pouco dinheiro. Quanto custaria o tratamento? Como esta doença afetaria suas bolsas de estudo? Seu futuro?
Enquanto o pai dela estava sentado na sala de espera do hospital, um assistente hospitalar deu a ele meu telefone dizendo que a maioria dos sacerdotes Budistas não fala Inglês, mas que eu falo. Não era lá uma recomendação, mas era tudo o que ele tinha.
Então ele me ligou perguntando se eu tinha algum conselho para ele e o que havia acontecido com sua filha naquele sesshin e como oderia ter acontecido e o que ele poderia esperar em seguida? As pergunta vieram rápidas demais para serem respondidas. Finalmente sua voz tornou-se um choro, "Que é o Zen?" ele perguntou ingenuamente. "Não é isso", eu disse.
No oriente, existe um mercado com competição pelos serviços de roshis genuínos. Nos E.U.A., o mercado está cheio de mpostores. Eles e seus igualmente ineptos assistentes farão qualquer coisa para atrair os desavisados. E ficam no auge da perniciosidade quando do oferecimento de sesshins.
Um sesshin, é claro, é uma maratona intensiva de meditação projetada especificamente para o benefício de estudantes maduros. Muitas religiões, de uma forma ou de outra, têem estes exercícios rigorosos como uma forma de solavanco - o quantum necessário - que propelirá o estudante a um estado mais alto de energia, i.e., um estado mais alto de consciência. Grupos religiosos responsáveis entendem os perigos inerentes ao processo. Também compreendem a física das correntes e voltagens espirituais.
O roshi e seus assistentes, depois de selecionar as datas, que podem variar de alguns dias a muitas semanas, anunciam "publicamente" o evento. As inscrições que recebem serão avaliadas. Estrangeiros não precisam nem mesmo tentar.
No dia marcado os participantes se reúnem e recebem lugares no Zendo onde, sob a regra de absoluto silêncio e sob os olhos atentos dos professores, eles dormirão, comerão e meditarão durante o sesshin. Este "estar junto" contribui, através do aumento do stress, para a eficiência do programa.
Por doze ou mais horas por dia, um participante ficará sentado, imóvel como uma rocha, firmemente ereto, pernas cruzadas, cotovelos estendidos lateralmente, mãos formando um mudra, e respiração imperceptível. Ainda que sua mente seja um caldeirão de atividade e que sinta enorme dor nos tornozelos e joelhos abaixo dele, seu corpo deve parecer congelado.
Um indivíduo com uma vara e a tolerância de um Samurai para a preguiça patrulha o zendo e ao menor sinal de cochilo ou inclinação do corpo, ele golpeia.
Dia e noite, pessoal treinado observa os participantes, notando o que comem e como dormem. Todas as fases iniciais da Doença Zen, aquela estranha euforia que acompanha a entrada da mente em estados alterados de consciência, são reconhecidas. Ações, falas, ou expressões faciais inapropriadas ou bizarras são observadas e medidas; e se um participante mostra quaisquer sintomas de irracionalidade, os assistentes do Roshi agem imediatamente. Ele é rapidamente removido do Zendo e levado a um monge experiente, é acalmado e, especificamente se experimentou uma visão do divino, ele é, de um certo modo, "festejado" com chá e bolos doces e tranquilizadoras felicitações. é gentilmente guiado através da euforia que, exceto sob as mais extraordinárias
condições, dura não mais que setenta e duas horas.
condições, dura não mais que setenta e duas horas.
No oriente entende-se, no sentido legal, que qualquer um que entre para um monastério para treinamento de qualquer tipo, perde seu direito de reclamar do tratamento que recebe. Ele submete sua cidadania ao templo e nenhum mestre ou sacerdote leva a aquisição deste poder não seriamente.
Mas esta presunção de imunidade legal não é dada a Centros Zen Americanos. Aqui, os Centros são responsáveis pelos danos causados por negligência ou incompetência de sacerdotes ou empregados. Os templos aqui raramente têem um templo Japonês do qual descendem, onde os sacerdotes tenham sido treinados e ordenados, e seus Roshis, tendo sido ordenados ilegitimamente e elevados ao alto ofício por algum princípio democrático ou plutocrático, são tão órfãos espirituais quanto as organizações que presidem. E não é exagero dizer que a maioria dos trabalhadores do templo consiste normalmente daqueles que estariam de outra forma desabrigados.
Diante da possibilidade de ter que responder legalmente por seus atos, incapazes de agir honestamente, eles precisam do escudo de termos de renúncia.
Ninguém deve supor que todos os problemas psicológicos que aparecem em um sesshin têem como sua causa uma pré-existente desordem emocional ou mesmo predisposição a uma. Durante a Segunda Guerra Mundial quando, no interesse da salvaguarda de segredos militares, estudos foram conduzidos para determinar os efeitos da fome sobre a estabilidade mental, todos os participantes tiveram alucinações. Não é coincidência que todas as religiões prescrevem o jejum como um útil meio de induzir experiências visionárias. Vítimas de anorexia nervosa, apesar de enfraquecidas e esqueléticas, olharão num espelho e "verão" uma pessoa obesa olhando de volta para eles. De fato, quedas bruscas no nível de açúcar no sangue (resultado de jejum) pode induzir diferentes graus de anormalidade psicológica e mesmo ataques epiléticos podem ser induzidos por tais quedas. Na Guerra da Coréia pudemos observar aquelas técnicas "Candidato Manchuriano" de lavagem cerebral e deprivação sensorial que são do regime do sesshin. E, com oqualquer um que tenha tentado ficar acordado por longos períodos pode atestar, a falta de sono não traz claridade mental. Também torna a pessoa extremamente sugestionável.
Na verdade, a maioria dos participantes em sesshins americanos não têem problemas emocionais. Há muitos adeptos que apreciam a atividade sem ação de um sesshin como um oásis de calma nas suas agendas extremamente ocupadas. Melhor para eles.
Há mesmo aqueles que desenvolvem um grande orgulho por ter feito o sesshin. Estas pessoas talvez precisem de uma boa melhora na auto-estima. Algumas vezes a questão não é se entenderam ou não a mensagem sobre o orgulho ser algo que deixamos para trás quando começamos no Zen. Deixar o orgulho para trás implica em ter orgulho para deixar para trás; e de novo, se participar de um sesshin dá a eles a sensação de realização, melhor para eles, também.
Os verdadeiros heróis são aqueles que dizem "Que diabos eu estava pensando?" e ao admitir a insanidade temporária, levantam e vão embora. (Nossa Escola Zen do Sul não aprecia muito os longos períodos sentando. "Você pode fazer um espelho polindo uma pedra mais cedo que fazer um Buddha sentando em uma almofada". Não foi à toa que o SextoPatriarca desqualificou pilotos-de-almofada.)
Não nos preocuparemos agora com quaisquer destes indivíduos ou mesmo com pessoas que sofrem de hemorróidas, problemas com nervos da coluna ou glúteos ou outro dano físico. é a outra categoria, a pessoa com danos psicológicos e cicatrizes permanentementes com inscrições de "colapso nervoso" ou "psicose", com que nos preocupamos agora. Especialmente quando o sua angústia foi deliberadamente facilitado por fatores físicos de stress de sesshin e a incompetência do pessoal do templo, seu infortúnio é enorme.
O Zen, como o nome diz, significa "meditação" e como tal é um caminho místico; e é simplesmente incorreto assumir que no Zen tradicional um meditador é privado de sua visão do divino ou punido por ter encarado ilusão ou "makyo" - uma corruptela do Sânscrito "maya" (como se o Samsara não fosse suficientemente ilusório). As estátuas e peças de arte nos templos Japoneses, ilustrados nos trabalhos de D. T. Suzuki entre outros, atestam o uso destas imagens arquetípicas como instrumentos através dos quais projeções inconscientes podem ser estimuladas, que é exatamente a função que tem a arte das catedrais Cristãs.
Mas nos Estados Unidos há uma tal compulsão imatura para diferenciar a experiência Zen no estilo Japonês de outras experiências religiosas que mesmo encontros visionários com divindades Budistas são tidos como evidência de um excêntrica negação das próprias crenças Buddhistas. Devotos desta religião não-teológica são aconselhados, "Se você tiver uma visão do Buda, cuspa na face dele e ele irá embora". Claro...
E é esta atitude infantil diante do que é divino que põe as vítimas de sesshin em duplo perigo. Em países de maioria Cristã como os Estados Unidos, existe um tipo de peneira pela qual respostas espirituais não usuais são passadas. A experiência de um Cristão é grande e impressionante e nunca parece passar pelos furos. Mas a experiência de um Budista passa facilmente pelos buracos e ele nunca é salvo desta queda da Graça. Um Cristão, balbuciando incoerentemente, "falando em línguas", pode ser recompensado pelo episódio de glossolalia pelo ganho de considrerável prestígio. Uma audiência aplaudirá seu comportamento patológico e linguistas estudam sua fala atrás de pistas sobre o vernáculo de Babel. Se um anjo aparece para ele, ele pode escrever um livro or vender sua estória para uma série de TV. Ele pode dançar com cascavéis ou penitentemente se arrastar de joelhos por milhares de milhas e ser congratulado por espectadores por este auto de fe. Os "Holy Rollers" podem cantar e dançar até caírem e rolarem no chão; e mesmo os augutos e admiráveis Quakers podem tremer e os Shakers chacoalhar, tudo com a aprovação de seus vizinhos civilizados. Milhares podem viajar por milhas para ver uma visão de Maria numa tela contra mosquitos colocada em uma porta, e então orgulhosamente comprar souvenirs comemorando a manifestação divina, mas deixe um Budista ver Guan Yin no jardim de um templo e ele é tratado como um louco.
é desalentador testemunhar a destruição sistemática da euforia espiritual, as asas mutiladas daqueles que foram afortunados o suficiente para poderem levantar vôo. Não é sempre que o sol faz ícaro cair na água. Muito frequentemente são aqueles Barões Vermelhos das Convicções das Maiorias Religiosas e seus aliados, os Impostores do Zen, que o atingem. A ciência médica pode não ser capaz de mantê-lo vivo e em ordem, pois além da queda inicial, existe o trauma contínuo de ser submetido a um regime médico cujas drogas têem tais efeitos colaterais que podem ser interpretados como mais evidências de doença. Resumindo, a medicação pode extender o agudo para o crônico, e o paciente pode logo se ver sendo tratado dos efeitos do tratamento.
Anos atrás, recebi o primeiro de uma série de telefonemas de um homem que se identificou como "Jake". Ele admitiu ser paciente de um hospital psiquiátrico ao explicar que tinha um limite de tempo para nossa conversa.
Ele tinha uma voz doce, profunda e ressonante, e a usava bem. Falamos sobre poesia e Zen e as coisas do espírito.
Depois de algumas ligações, Jake me deu um pouco da sua história. Havia se convertido ao Budismo durante o início da Guerra do Vietnam. Ferido, foi hospitalizado no Havaí e enquanto usufruia de um período de descanso e recuperação por lá, passou a frequentar um grupo Zen local. Um dia, ao final de um sesshin, estava vendo as vitrines numa loja em na praia de Waikiki quando um Bodisatva o abordou. O Bodisatva tinha also misterioso que queria mostrar a Jake e insistiu que Jake o acompanhasse ao lugar onde aquilo estava escondido. Jake estava abismado e pediu a alguns turistas e ao dono da loja que verificassem a aparição. Eles ficaram alarmados e a próxima coisa que ele se lembra é que estava de volta ao hospital - mas desta vez na ala psiquiátrica.
Desde então, ele explicou, ele tem estado frequentemente em hospitais psiquiátricos. Se eu ainda queria falar com ele, perguntou. Eu disse que sim... Em particular eu queria saber o que o Bodisatva estava vestindo. A questão o alarmou e ele me perguntou o quê eu queria dizer exatamente. "Seres celestiais", lhe falei, "podem frequentemente ser identificados pelas suas vestimentas... Tanto o estilo como a cor." Ninguém na sua longa história de desordem emocional, uma história que aparentemente começou naquele dia em Honolulu, perguntou a ele sobre a aparição como se fosse genuína (não havia Capelães Budistas nas Forças Armadas Americanas). "Que diferença faz o que ele estava vestindo?" ele perguntou, dizendo também enfaticamente, "Era uma alucinação!" "Sim", concordei, "mas ainda assim era real".
Muito do seu problema, creio, tinha muito a ver com o fato de ele acreditar que outras pessoas poderiam ver o que era a projeção de um arquétipo, apesar de coletivo, da sua própria mente. Culturas dão diferentes nomes para estes seres celestiais ou anjos e as culturas os valoriza de variadas maneiras; mas todos os seres humanos, se tiverem sorte, podem ver seus próprios arquétipos em visões. Possibilidades de Quinta Dimensão à parte, nós simplesmente não podemos ver as projeções dos arquétipos de outros.
Jake, no entanto, não aceitaria esta explicação - fazê-lo seria dar um passo para trás em sua terapia. Ainda assim, ele me deu uma descrição detalhada das vestimentas que a figura estava usando. (Esta lembraça em detalhes é frequentemente um teste decisivo de um encontro visionário. Lembramos o exato tom de verde ou vermelho e o corte exato da roupa.) Ele também perguntou se eu poderia recomendar um livro sobre o assunto. Não havia muito disponível sobre Zen ou Yoga na época; mas particularmente porque ele era inteligente e educado, sugeri O Poder da Serpente, de Sir John Woodroffe.
Muitos meses depois ele ligou novamente. Tinha conseguido o livro mas achou "muito denso, exótico, e deliberadamente obscuro." Eu chamei sua atenção para as duas deidades em cada uma das ilustrações dos chakras e lhe assegurei que seriam consideradas versões Hindus da figura celestial que ele havia visto. Ele riu. Já tinha discutido o assunto com seu médico que não aceitou sua tentativa de relacionar "anjos autênticos" com as criaturas de muitos braços do Hinduísmo. "Quando você carrega muitas coisas", perguntei, "você nunca diz 'Eu poderia ter mais uma mão''? Múltiplos braços é só uma convenção artística. OBodhisattva nos dá tantos presentes que dois braços não são suficientes para oferecer todos eles." "Oh..." ele disse, satisfeito com a explicação.
Mais meses se passaram e quando me ligou novamente, sua voz havia perdido toda aquela qualidade doce. Havia algo de seco nela, que supus ter sido afiada com alguma nova panacéia psicoterapêutica.
Desde nossa últia conversa, ele havia recebido alta do hospital e conseguido um emprego como balconista, o melhor que, entre seu histórico de doença emocional e medicações que regularmente tomava, ele pôde encontrar. As pílulas, disse, o impediam de se concentrar e o deixavam "não muito ele mesmo" nas conversas habituais. Ele havia aceitado seu episódio psicótico como a simples aberração que havia sido e tinha voltado ao seu antigo grupo Cristão. Então, logo quando estava voltando a ter uma vida normal, "Satã atacou de novo". Ele tina tido outra visão e esta, também, o fez balbuciar insanamente. Um homem misterioso cuja face estava escondida havia aparecido para ele, e a visão o mandou de volta ao hospital.
"Oh", interrompi, "Não me diga! Ele andava muito rápido... A passos largos".
"...Sim".
"E talvez houvesse algum tipo de luz... Fogo ou raios?"
"...Sim, ele bateu numa pedra com sua mão e o fogo veio dali. Como você sabe?"
"é porque estes são atributos arquetípicos. Se você fosse alemão, eu diria que você viu Votan. Já viu Os Anéis de Nibelung de Wagner?"
Ele tinha visto, e e discutimos o fato de que o barítono que faz o papel de Votan é identificado no programa apenas nas duas primeiras óperas - onde sua face pode ser claramente vista; mas quando ele desce ao submundo, na terceira ópera, não se chama mais Votan. é identificado no programa como "O Andarilho"; e uma aba de chapéu ou capa é posto sobre a sua face de forma que suas feições não possam ser vistas. Seu papel operático é o mesmo, mas ganha uma nova caracterização. Ele agora é o deus da face escondida que caminha. "Pense nele como sendo codificado universalmente - em nossos genes, por assim dizer."
"...Sim".
"E talvez houvesse algum tipo de luz... Fogo ou raios?"
"...Sim, ele bateu numa pedra com sua mão e o fogo veio dali. Como você sabe?"
"é porque estes são atributos arquetípicos. Se você fosse alemão, eu diria que você viu Votan. Já viu Os Anéis de Nibelung de Wagner?"
Ele tinha visto, e e discutimos o fato de que o barítono que faz o papel de Votan é identificado no programa apenas nas duas primeiras óperas - onde sua face pode ser claramente vista; mas quando ele desce ao submundo, na terceira ópera, não se chama mais Votan. é identificado no programa como "O Andarilho"; e uma aba de chapéu ou capa é posto sobre a sua face de forma que suas feições não possam ser vistas. Seu papel operático é o mesmo, mas ganha uma nova caracterização. Ele agora é o deus da face escondida que caminha. "Pense nele como sendo codificado universalmente - em nossos genes, por assim dizer."
Fui até a estante e li para ele um trecho de uma coleção de contos espirituais de Nativos Americanos. Uma mulher Sioux relatou que havia uma vez se perdido em uma tempestade de neve e, quando começava a sentir que morreria de frio e já tinha se conformado, levantou-se com a presença de um grnade homem que veio rápido, a passos largos até ela, pedindo com gestos que ela o seguisse. Ele bateu palmas, produzindo grndes raios que iluminaram o caminho dela enquanto ele a conduzia para a segurança da cabana de um fazendeiro. Quando questionada se o homem misterioso era branco ou índio, ele disse que não sabia dizer, porque a face dele estava totalmente coberta por um capuz de pele de animal. (Um exame nas pegadas na neve revelou que ela estava completamente só). "Esta mulher", garanti a ele, "viu a mesma figura que você. Eu também o vi e conheço meia dúzia de outras pessoas que também o viram. Não sei que outros problemas mentais você tem, se é que tem... Mas quando você viu aquele homem andando a passos largos com a face coberta, você poderia estar alucinando, mas não estava louco".
Ele ainda não estava convencido.
Quando ele ligou novamente, meses depois, havia uma qualidade resignada, triste em sua voz. Depois de ter sido curado de sua visão do deus andante, tinha sido liberado do hospital. Ele tinha conseguido um emprego e estava indo muito bem até recentemente quando outra visão o mandou de volta. "Esta", ele disse "foi excepcional".
"Eu estava na estrada em Oklahoma", disse, "quando fiz uma parada; e quando voltei para o meu carro havia um tipo de lagarto enorme - mas tinha o rosto e olhos de um sapo - sentado no banco do pasageiro. Primeiro, ele olhou direto para frente pelo pára-brisa; depois ele começou a se voltar devagar para mim até me olhar direto no rosto e eu pude ver raios brilhantes de luz vindo dos seus olhos. Então ele olhou para trás devagar, e tudo ficou escuro. Fiquei com medo de abrir meus olhos de novo. Caí sobre a direção e chorei como uma criança. Eles vieram e me levaram para o hospital onde eu estou de novo".
"Jake", eu disse, "o que você viu era uma representação da Lua passando por várias fases lunares e a criatura que você viu é um
makara... Uma estranha criatura anfíbia. Por favor, leia sobre o Svadhisthana Chakra. Está no final do livro, O Poder da Serpente".
makara... Uma estranha criatura anfíbia. Por favor, leia sobre o Svadhisthana Chakra. Está no final do livro, O Poder da Serpente".
"Eu não posso ler esta droga", ele gritou. "É ridículo. Chakras! Pelo amor de Deus, só o que eu fiz foi parar para urinar!"
"Jake", eu disse, "o Chakra Svadhisthana é o chakra da bexiga".
"Jake", eu disse, "o Chakra Svadhisthana é o chakra da bexiga".
Silêncio. Então ouvi um som de páginas virando e ehtão um longo gemido. Havia um soluço trêmulo que parecia indicar ele havia se reconectado ao universo. ele não era a única pessoa que havia visto um makara, que havia conhecido de perto uma criatura marítma banigna em um sonho arquetípico ou visão ou meditação ou transe espontâneo.
Suponho que ele sempre sentiu que estas visões eram genuínas e que esta era a razão pela qual ele continuou me telefonando e a razão, também, dele ter mantido O Poder da Serpente com ele.
É uma coisa terrível tratar as visões de um homem como divinas e as de outro como um sintoma de insanidade. Ainda pior é ver sacerdotes Budistas agindo de forma tão irresponsável, oferecendo técnicas avançadas para uma pessoa não iniciada ou imatura, enganando-a para que assine um documento abrindo mão de seus direitos de reclamar por possíveis perigos dos quais não são avisados, e então, quando o problema aparece, deixando-o à mercê hostil de pessoas de outras crenças que estão tão ansiosos para ver Satã em qualquer coisa que não é expressamente apresentada nos planos e especificações das sua próprias construções religiosas.
Expliquei isto tudo ao perturbado pai da desventurada estudante de Química. Não tinha muitos conselhos para dar a ele. Disse que se fosse minha filha, a traria de volta para casa e consultaria um autêntico sacerdote Budista e um médico de família, um clínico geral - e explicaria toda sua provação para ambos - e planejaria... Sim... Planejaria... Continuar sua educação dali a algumas semanas.
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