"A Cassini orbitou o local várias vezes e fez diversas análises desse material. Descobrimos que além de água e material orgânico, existe sal nas partículas de gelo, com salinidade igual a dos oceanos da Terra", disse Carolyn. "Além disso, registros feitos pela sonda nas fissuras da lua revelaram temperaturas ao redor de 84 Celsius negativos. Esse é um valor muito alto e se você somar todo o calor, cerca de 16 gigawatts de energia térmica estão saindo das rachaduras de Enceladus", disse a cientista.
No entender da pesquisadora, o mar de líquidos abaixo da superfície, aliado a compostos orgânicos e uma fonte de calor permitem hospedar o mesmo tipo de vida que encontramos em ambientes similares aqui na Terra.
"O ambiente de Enceladus pode ser parecido com aqueles que existem no fundo do nosso próprio planeta. Calor abundante e água em estado líquido são encontrados em rochas vulcânicas no subterrâneo da Terra e os organismos nessas rochas prosperam em dióxido de carbono e hidrogênio que é produzido pela reação química entre a água líquida e as rochas quentes. Em seguida, o metano produzido é reciclado novamente em hidrogênio. Esse processo acontece totalmente na ausência de luz solar ou qualquer coisa produzida pela luz solar", explicou Porco.
Chuva de Micróbios
Apesar da teoria da existência desses micro-organismos não ter sido provada ou descartada, Carolyn Porco acredita que os testes poderão ser feitos em pouco tempo, já que a zona habitável de Enceladus é relativamente fácil de ser estudada.
Calor e torções
Os estudos atuais mostram que a fonte de calor de Enceladus é o próprio planeta Saturno, que com sua força gravitacional faz com que a forma da lua seja modificada diariamente à medida que orbita o gigante gasoso. A influência gravitacional produz flexões e movimentos no interior da lua que geram calor, da mesma maneira que ocorre quando você dobra um clipe de papel para frente e para trás.
Esse movimento é conhecido como flexão de maré, mas segundo Porco essa dinâmica não é suficiente para explicar todo o calor que está atualmente saindo de Enceladus. "Uma saída para esse dilema é assumir que parte do calor observado hoje foi gerado e armazenado internamente no passado".
Porco acredita que a órbita de Enceladus poderia ter sido muito mais excêntrica do que é hoje, o que resultaria em variações estruturais que produziriam mais calor. Neste cenário, o calor teria sido armazenado dentro da pequena lua e derretendo parte do gelo responsável pela recarrega do líquido que está abaixo da superfície.
"Agora que a excentricidade da órbita diminuiu, o calor que emana do interior é uma combinação do calor produzido hoje e no passado. Mas como o calor que está saindo atualmente é maior do que está sendo produzido, acreditamos que Enceladus pode estar em fase de arrefecimento e a água líquida está retornando na forma de gelo. Alguns modelos mostram que Enceladus nunca congela totalmente, de modo que a excentricidade da órbita pode aumentar novamente, reiniciando o ciclo”.
Para confirmar essas teorias, mais dados serão necessários e Porco tem um plano de ação simples e imediato para obtê-los. "Precisamos voltar a Enceladus e checar".
Fotos: No topo, pelo menos quatro plumas de água gelada são pulverizadas a partir das rachaduras localizadas na superfície do polo sul de Enceladus. Acima, detalhes das "Listras de Tigre" de Enceladus, criadas provavelmente pelas torções superficiais causadas pela interação gravitacional com o planeta Saturno. Créditos: Cassini Imaging Team, SSI, JPL, ESA, NASA, Apolo11.com.
Origem do Texto: http://www.apolo11.com/spacenews.php?titulo=Cientista_acredita_que_pode_chover_microbios_em_lua_de_Saturno&posic=dat_20120329-094152.inc
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