Sonda Voyager 1 chega ao espaço interestelar após 36 anos



Após meses de discussões, os cientistas finalmente concordam que a Voyager 1, da NASA, se tornou o primeiro objeto feito pelo homem a deixar o sistema solar. E só levou 36 anos para cumprir a longa jornada de 19,3 bilhões de quilômetros

Este é, obviamente, o maior marco da exploração espacial, o que provavelmente explica o cuidado dos cientistas em discutir, por meses, se a Voyager 1 havia de fato cruzado o limiar do sistema solar rumo ao espaço interestelar. No fim das contas, tudo se resolveu com o plasma em torno da nave. Depois que uma rajada de vento solar e campos magnéticos fez o plasma ao redor da nave oscilar em abril, pesquisadores notaram que o plasma estava, também, 40 vezes mais denso naquele ponto do que quando ele estava na heliosfera. Este foi um sinal de que a Voyager 1 havia entrado no espaço interestelar, e a equipe, por fim, determinou que a nave cruzou essa linha no dia 12 de agosto do ano passado. (Ouça o som do espaço interestelar abaixo.)

“A Voyager foi, audaciosamente, onde nenhuma sonda jamais foi antes, cravando uma das conquistas tecnológicas mais significantes nos anais da história da ciência e acrescentando um novo capítulo nos sonhos e esforços científicos da humanidade,” disse o administrador associado para ciência da NASA John Grunsfeld. “Talvez alguns exploradores do espaço profundo do futuro conseguirão alcançar a Voyager, nosso primeiro enviado interestelar, e refletir sobre o quanto essa intrépida nave ajudou a possibilitar sua própria viagem.”

Nesse meio tempo, todos os olhos se voltaram para a Voyager 2, que está no encalço da sua irmã, acelerando forte rumo ao espaço interestelar. (“No encalço,” dentro desse contexto, significa 3,21 bilhões de quilômetros.) De qualquer forma, agora a Voyager está a caminho de outra estrela. Na velocidade atual, cerca de 160 mil km/h, isso levará apenas 40 mil anos.

O som do espaço interestelar




Voyager no Espaço Interestelar







Voyager, do Pálido Ponto Azul à fronteira do Sistema Solar

Em 24 de novembro de 2007, o Apolo11.com publicou uma matéria sobre os 30 anos das naves Voyager 1 e 2. Na ocasião, as sondas estavam há 15 bilhões de km de distância de nós. Passados três anos, a Voyager 1 atingiu a impressionante marca de 17.4 bilhões de quilômetros e é o objeto humano mais distante da Terra.

Segundo o cientista-chefe do projeto Voyager, Edward Stone, a Voyager 1 começou a detectar uma mudança bastante significativa no fluxo de partículas solares ao seu redor. De acordo com Stone, as partículas não estão mais se dirigindo mais para fora do Sistema Solar, mas movimentando-se lateralmente, o que segundo ele significa que a sonda deve estar muito perto de mergulhar definitivamente no espaço interestelar.

Os dados foram registrados pelo detector de partículas de baixa energia a bordo da sonda, que monitora a velocidade do vento solar. Esse fluxo de partículas carregadas é chamado de heliosfera e forma uma espécie de bolha em torno do Sistema Solar. Viajando em velocidades que superam facilmente 1 milhão de quilômetros por hora, esse vento produz uma verdadeira onda de choque ao se encontrar com as partículas vindas de outras estrelas, gerando calor.

De acordo com os pesquisadores do Laboratório de Propulsão a Jato, da Nasa, os sensores da sonda determinaram que na posição atual a velocidade do vento solar chegou a zero, confirmando que a Voyager 1 está na zona de transição entre o Sistema Solar e o espaço interestelar.


Cultura Pop
Inicialmente, o objetivo principal da Nasa era explorar os planetas Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, missão que foi concluída em 1989, mas a história reservava para as sondas algo muito mais importante e duradouro

Lançadas nos meses de agosto e setembro de 1977, as sondas gêmeas Voyager 1 e 2 não são apenas um símbolo da exploração do espaço. Tornaram-se também ícones da cultura pop, inspirando novelas, jogos de computador, músicas, videoclipes e dezenas de filmes entre os anos 1980 e 1990. A maior parte desses trabalhos de ficção mostrava o que poderia acontecer se uma raça alienígena conseguisse localizar a Terra utilizando os dados dos famosos "discos de ouro", levados pelas espaçonaves.

Desde o início das explorações espaciais da Nasa, as naves levavam placas com informações sobre nosso planeta, que poderiam ser úteis no caso de serem interceptadas por uma raça alienígena. Isso inspirou o diretor do projeto Voyager, John Casani, a contratar o astrônomo e autor Carl Sagan, com o objetivo de dirigir o comitê de mensagens a ser embarcado na missão.

Os discos das Voyager continham uma seleção de sons e imagens e retratavam a Terra através de pessoas jovens e velhas, homens e mulheres entre outras espécies, além de incluir informações sobre os continentes e a localização da Terra no espaço.

Mensagem da garrafa
Em seu livro "Murmúrios da Terra: a viagem interestelar", Carl Sagan descreve como o comitê criou o disco e como foram escolhidas as gravações. Foi o físico Frank Drake quem sugeriu a ideia de gravar sons de um lado e imagens do lado oposto. O grupo teve menos de seis semanas para produzir o trabalho que deveria representar toda a população da Terra e descrever o planeta de um modo geral, e que acima de tudo, também pudesse ser compreendido por uma raça extraterrestre.


Apesar da chance das mensagens virem a ser encontradas por seres de outro mundo ser extremamente pequena, o disco de ouro das Voyagers se tornou um ícone.
"É a clássica mensagem da garrafa. A probabilidade de ser encontrada é muito baixa, mas a recompensa não tem preço", diz Ann Druyan, autora e produtora científica. Na época, Ann era diretora de criação do projeto e mais tarde se casou com Carl Sagan.

Ed Stone explica que mesmo sendo pequenas as chances de ser encontrada, a gravação é uma importante mensagem para todos nós.

"É um apelo à unificação", diz Stone. "Não é uma mensagem qualquer. É uma mensagem da Terra! Ela contém cumprimentos em muitas línguas, músicas de diversas culturas e imagens que retratam nosso planeta, nossa casa. É nossa tentativa de dizer o que é a Terra e o que pensamos de nós mesmos".


Missão romântica
Druyan também explica que a ideia de mesclar música, arte e ciência a fez devotar muita energia ao projeto. "A gravação representava um ideal e mostrava que ciência, arte e tecnologia podiam caminhar juntas". É uma das poucas grandes histórias que nós temos sobre a raça humana. Foi a forma que encontramos de celebrar a glória de vivermos nesse "Pálido Ponto Azul".

"Essa foi a mais romântica e maravilhosa missão jamais realizada pela Nasa. Havia de tudo um pouco nas gravações: um beijo, uma mãe dizendo "Olá" pela primeira vez ao filho recém-nascido. Tudo é música e foi feito durante a Guerra Fria. Todos sabiam que haviam mais de 50 mil armas nucleares que poderiam ser disparadas a qualquer momento e havia muita dúvida sobe o futuro. Foi um trabalho muito positivo, um jeito de representar a Terra e dar um passo de qualidade em direção ao futuro. Foi irresistível"


Diga olá para eles!
Nick, filho de Carl Sagan, tinha seis anos em 1977, quando as gravações foram feitas. Ele participa de uma das faixas onde cumprimenta um possível ouvinte: "Olá das crianças do planeta Terra". Anos mais tarde, Nick confessou que não tinha a menor ideia da magnitude do que estava fazendo. "Meus pais me colocaram na frente de um microfone e disseram: O que você gostaria de dizer aos extraterrestres? Diga olá para eles!".

Hoje em dia, 33 anos mais tarde, as Voyagers continuam sua jornada rumo ao desconhecido. Mesmo sendo infinitamente pequenas as chances de serem interceptadas por outra civilização, as mensagens e sua enorme distância deixam uma importante lição, no sentido de refletirmos sobre a necessidade de cuidarmos melhor da nossa própria casa, que a 17 bilhões de quilômetros, não passa de um distante "Pálido Ponto Azul".

Ouça alguns sons do disco de ouro 

"Olá das Crianças do Planeta Terra"
Um beijo e uma mãe dizendo "olá" ao filho recém-nascido.
Frase em Mandarim: "Esperamos que estejam bem. Pensamos muito em vocês, quando tiverem um tempo, faça-nos uma visita!"
Sons de grilos e sapos
Vento, chuva e ondas




Nos Limites do Sistema Solar

Trinta e cinco anos após ser lançada, a sonda interplanetária Voyager 1 parece que finalmente está deixando os limites do Sistema Solar. Dados registrados pela espaçonave mostram que a quantidade de raios cósmicos detectados cresceu muito nos últimos meses, uma prova de que o Sol está deixando de bloquear as partículas que atingem a nave.




Definir onde se localiza a fronteira do Sistema Solar não é uma tarefa fácil e também nunca foi feita anteriormente. Para os cientistas, essa zona fronteiriça é bastante ampla e se encontra onde o vento solar e o campo magnético da estrela não são mais capazes de bloquear as partículas altamente energéticas vindas do espaço exterior.

Com o objetivo de estudar os planetas do Sistema Solar, em 1977 os EUA lançaram as sondas interplanetárias Voyager 1 e Voyager 2, que após completarem sua missão seguiram viagem rumo ao desconhecido. Atualmente as sondas estão a mais de 18 bilhões de km da Terra, uma distância tão longe que os sinais emitidos por elas levam mais de 17 horas para serem captados.

Nos últimos seis meses, um dos instrumentos a bordo da nave - um contador de partículas de alta energia - passou a registrar uma quantidade muito maior de partículas do que aquela considerada "normal" para a posição onde a nave se encontrava. Mês após mês a contagem continuou aumentando e neste ritmo permanece até os dias atuais (setembro de 2012).

Para os cientistas do Goddard Space Flight Center, da Nasa, que estudam os dados das sondas Voyager, esse crescente aumento na detecção das partículas cósmicas da Voyager 1 não deixa mais dúvidas de que a nave chegou ao limite do Sistema Solar e está agora entrando no chamado espaço profundo.
O aumento da contagem das partículas já era esperado há muito tempo pelos pesquisadores, que teorizavam sobre essa possibilidade. Até a poucos anos a nave se encontrava dentro da heliosfera, uma espécie de bolha de proteção criada pelo Sol e que impede que os raios cósmicos penetrem intensamente no Sistema Solar. Assim, enquanto estava dentro dessa bolha a contagem de partículas carregadas registrada pela Voyager 1 se mantinha dentro dos níveis normais, já que a atividade Sol era suficiente para bloquear a chegada dos raios cósmicos.

Agora, com o aumento constante na contagem das partículas registradas pela nave, os pesquisadores acreditam que a Voyager 1 tenha atingido a região externa da heliosfera. Para os astrofísicos, o número de partículas detectadas deverá crescer ainda mais nos próximos meses até se estabilizar, indicando que a nave atingiu finalmente o espaço profundo.


Artes: No topo, posição atual das naves Voyager 1 e 2, localizadas supostamente na região de interface entre a heliosfera e o espaço profundo. Acima, gráfico divulgado pela Nasa mostra o aumento constante na contagem de partículas altamente energéticas registrada pela Voyager 1. Para os pesquisadores, esse aumento indica que o Sol não está mais bloqueando os raios cósmicos vindos dos confins do Universo e que a sonda está deixando a região de influencia solar. Créditos: NASA/GSFC, Apolo11.com.


Direto da Nasa: a saga da Voyager 1 no espaço interestelar
por Ethevaldo Siqueira
Parece um milagre das telecomunicações: a Voyager 1, a sonda que viaja no espaço interestelar a uma distância de 19,5 bilhões de quilômetros da Terra, ainda envia notícias e informações para Nasa.
Antes de falar sobre esse milagre das telecomunicações, dou um pequeno depoimento pessoal, como jornalista. Eu tive o privilégio de assistir, no dia 5 de setembro de 1977, ao lançamento dessa sonda Voyager, no Cabo Canaveral, por um super foguete Titan-IIIC. Nunca havia sentido uma emoção tão forte diante de um lançamento espacial como naquele dia. Pressentia que estava diante de um evento histórico da tecnologia espacial.
Hoje, aquela sonda tão elegante, que você vê nesta foto, está a uma distância da Terra de 131 UA (unidades astronômicas), ou 19,65 bilhão de km, já fora dos limites do Sistema Solar, no espaço interestelar. Cada UA equivale à distância da Terra ao Sol (150 milhões de km).
Desse modo, a Voyager 1 se tornou o primeiro artefato construído pelo homem a deixar os limites do Sistema Solar – depois de ter visitado e estudado Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. É também o mais distante objeto lançado pela humanidade no espaço cósmico. Em segundo lugar, vem a sonda-gêmea Voyager 2, lançada igualmente em 1977, que já viaja, também, nesse espaço interestelar.
A sonda Voyager 1 tem uma história bonita e romântica. No dia dos namorados (no calendário americano), 14 de fevereiro de 1990, ela olhou para trás e fez uma foto que mostrou os planetas alinhados: Netuno, Urano, Saturno, Júpiter, a Terra e Vênus. Só Marte e Mercúrio não
apareceram bem na foto, porque, embora estivessem alinhados, não tinham luz solar suficiente na foto.
Essa foto teve dois sentidos especiais. Antes de tudo, por ter sido o primeiro “retrato da família planetária” do Sistema Solar. Em segundo, porque a Terra aparecia nessa foto apenas como um “pálido ponto azul”. Esse foi, aliás, o título de um livro do astrônomo Carl Sagan, um dos apaixonados pelo projeto Voyager, editado em 1994, dois anos antes de sua morte.
Hoje, o grande milagre da Voyager 1 é sua capacidade de comunicação com a Terra, por meio da chamada Deep Space Network (DSN), ou Rede do Espaço Profundo, capaz de detectar os sinais de comunicação mais frágeis, de 1 trilionésimo de watt (0,000 000 001 watt) ou menos.
Essa rede global de telecomunicações tem três estações receptoras: uma na Califórnia (Goldstone), outra na Austrália (Canberra) e a terceira na Espanha (Madri). Cada uma das três antenas parabólicas de 30 metros de diâmetro cobre um ângulo de 120 graus do planeta, totalizando os 360 graus de cobertura do planeta.
Saiba mais aqui.





Comentários

  1. ocorreu um equivoco ai, na parte que fala que a sonda está no espaço em uma velocidade de
    160 mil km/h, não está nem na metade quanto mais 160 mil km/h

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    1. AMIGO ELA JA ATE PASSOU DESTA VELOCIDADE, ELA ESTA GRADUALMENTE AUMENTANDO SUA VELOCIDADE DESDE SEU LANÇAMENTO.

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